Entrevista com o consultor de Parking Fernando Braz
Com décadas de expertise em desenvolvimento de inovações no mercado de Parking no Brasil, Fernando Braz, a mente brilhante por trás da criação e implantação do Negócio Estacionamento no grupo Multiplan e na direção das operações de 18 Shoppings ao longo de 15 anos, revela detalhes sobre o mercado de estacionamento no Brasil.
CLA: Fale um pouco sobre o mercado de estacionamento atual ?
FERNANDO: O segmento vem passando por grandes mudanças sendo as principais:
- As novas tecnologias que buscam automatizar mais os processos e reduzir custos para compensar as perdas de receita causadas pelas mudanças na mobilidade urbana, com o sucesso dos apps de compartilhamento (UBER, 99) que fizeram reduzir em mais de 15% o fluxo de veículos nas garagens;
- Os novos usos para as garagens: O segmento tem que ressignificar os estacionamentos e buscar ocupação das vagas ociosas por outras atividades e serviços. Ou seja, o core business não é somente explorar espaços para vagas, mas sim explorar atividades que atendam ao entorno e a área primária onde os estacionamentos estão localizados.
CLA: Quais são os desafios de gerenciar um estacionamento?
FERNANDO: Que os gestores se adaptem às novas tecnologias e usos, considerando que a grande maioria ainda não utiliza sistemas com solução cloud computing (sistema nas nuvens) que é uma necessidade para melhorar controle e informação, importantes pra a tomada de decisão nesses novos tempos.
CLA: Que tipo de erros são os mais comuns na implementação de estacionamentos?
FERNANDO: Infelizmente, ainda existem muitos erros na implantação. Em sua maioria pelos seguintes motivos:
- Não contratação de especialista seja para projeto viário, de sinalização e de comunicação visual seja para projetos espaciais e sistemas de controle de cobrança e de vagas;
- Mesmo quando contratam projetos esses, via de regra, não são compatibilizados ou submetidos ou criticados por especialista em gestão. Algo que evitaria custos desnecessários como ajustes pós inauguração que é muito comum.
CLA: Como esses equívocos podem ser solucionados?
FERNANDO: Com contratação prévia de especialista para acompanhar todos os projetos envolvidos no estacionamento a fim de que estejam em consonância com novos sistemas, novas leis e até novas tendências com os novos usos.
CLA: Quais são os requisitos mínimos para vagas de estacionamento?
FERNANDO: Depende da Legislação Municipal. Muitas vezes, esses requisitos mínimos, como no caso do estado de São Paulo, aceitam vagas em tamanhos pequeno, médio e grande, com largura variando de 2,00m a 2,50m e profundidade de 4,00 a 5,00m e muitos fazem projetos seguindo a obrigação legal. Entretanto, sabemos que utilizar vagas pequenas e até médias é um grande problema operacional, pois gera desconforto aos clientes ao entrarem e saírem do veículo, causando também mossas e aranhões no veículo ao lado. Nesse caso o barato sai caro e cliente fica insatisfeito.
CLA: Para contornar a crise da Covid, muitos empresários do ramo buscaram novas estratégias, como sistemas para estacionamento. Em sua opinião quais são os melhores sistemas?
FERNANDO: Os sistemas são definidos muito em função do tamanho da garagem, tipo de operação (self park ou com manobristas) e até do nível de conforto que pretendem. Um dos erros mais comuns é a compra do sistema por preço. Ou seja, compra-se em geral um sistema barato que tem um índice alto de problemas, alto custo de manutenção, grande tempo de paradas por problemas técnicos, etc. Tudo isso gera custo e, principalmente, perda de receita e insatisfação do cliente.
Uma dica: É um investimento alto para comprar sem consultoria de um especialista.
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